quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Uma liturgia viva- Parte 1: A Renovação litúrgica na Igreja

O Caminho Neocatecumenal não podia ter nascido e nem se desenvolvido sem um de seus fundamentos principais: a liturgia. Muitos não sabem que após a evangelização nas favelas de Madrid, os iniciadores da realidade eclesial entraram em contato com toda a renovação litúrgica do Concílio Vaticano II que estava acontecendo naqueles anos. " A renovação litúrgica é o fruto mais visível da obra conciliar" como destacaram os bispos do mundo inteiro em 1985, dedicado a avaliação dos primeiros vinte anos de aplicação das orientações e diretrizes do Concílio Vaticano II. Essa renovação coincidiu com uma experiência comunitária que transpassou as barreiras de uma periferia e passou  a se fazer presente em milhares de paróquias de todos os continentes.
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A questão litúrgica dentro do Caminho Neocatecumenal, em especial a celebração da Eucaristia recebeu muitas críticas ao longo dos anos: criticavam o seu aspecto pastoral, eclesiológico, doutrinal e catequético. As primeiras comunidades nascidas em Madrid e em Roma após o Concílio celebravam a eucaristia de modo muito particular: aos Sábados à noite, em pequenas comunidades, fora das grandes assembleias das paróquias, leigos participando ativamente através de monições, ecos, preces.... com uma disposição de espaço completamente nova: o altar no centro, a comunhão com pão ázimo sob duas espécies, a paz de Cristo antes do ofertório etc. Com o passar dos anos, muitas dessas práticas foram consideradas pelos católicos mais críticos fruto do desconhecimento das normas litúrgicas próprias de uns leigos que se achavam pseudo-liturgistas, e por isso achavam que podiam fazer o que quisessem nas celebrações. Alguns chegavam a afirmar que o Neocatecumenato trazia para a Missa elementos protestantes e judaizantes que eram contrários a fé a a doutrina católica.
                                                                     
Apesar de todos os anos transcorridos depois dos surgimentos das primeiras comunidades e do minucioso estudo feito pela Igreja, além da aprovação da Santa Sé através de todas as congregações pertinentes, existem alguns fiéis que duvidam da validade das celebrações eucarísticas e que seguem acreditando que Kiko e Carmen são inventores de um "rito neocatecumenal" que em nada tem relação com a igreja católica.

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Juízos como o citado só podem ser sustentados por um profundo desconhecimento ou ignorância da amplitude  da liturgia da igreja no que diz respeito a sua história e prática milenares, bem como da profundidade da renovação conciliar e o modo e sentido das celebrações do Caminho com o seguimento pastoral e paternal da igreja por mais de 40 anos.

A celebração da Eucaristia no interior das comunidades Neocatecumenais não pode ser considerada um rito em si mesma, porquê seguem as rubricas próprias do Missal Romano, mas incorporam uma série de práticas permitidas por uma série de motivos que devem ser esclarecidos. As diferenças presentes nas celebrações do Caminho em relação ao  Rito Romano aprovado no Novus Ordo do beato Paulo VI não são frutos de uma improvisação e nem foram inventados de maneira artificial, com a intenção de querer ser diferente das outas celebrações da Igreja ou introduzir práticas abusivas com base em conceitos teológicos errados. As particularidades presentes nas celebrações eucarísticas do Neocatecumenato são para que aqueles que ainda não vivem seu batismo, que por algum motivo deixaram a igreja ou então para aqueles que estão nela ativamente e querem renovar a sua fé percebam e vivenciem a centralidade da fé no sacramento eucarístico.

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O desejo de renovar a liturgia para fazer com que os fiéis possam viver com maior intensidade o mistério pascal de Cristo não foi uma ideia do Caminho Neocatecumenal, mas como São João Paulo II disse ,A Eucaristia está no centro da vida eclesial e a Igreja vive da Eucaristia. Logo,  para desenvolver uma iniciação cristã eficaz  era necessário antes realizar uma renovação litúrgica que permitiria a todos não apenas conhecer o mistério eucarístico, mas o viver completamente.

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O Novo Movimento Litúrgico apareceu com força na Europa vários anos antes sendo o então papa São Pio X um dos seus principais baluartes. Esse Papa definiu as bases para renovar a vida litúrgica da igreja e iniciou com força e eficácia, a restauração do verdadeiro sentido do ano litúrgico através da bula ' Divino Afflatu', que engloba as edições do Missal Romano e do Breviário. Foi ele que restaurou a comunhão frequente ou dizendo de outra forma, foi ele quem propiciou a participação plena na liturgia eucarística( antes disso eram poucos os que comungavam e mais poucos ainda os que comungavam na Missa). Também o papa Pio XII realizou restaurações no ano litúrgico  e da renovação da Vigília Pascal(1951) e de toda a semana santa( 1955). Depois de todos esses antecedentes chega  São João XXIII que convoca o Concílio Vaticano II
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São Pio X                                                   Pio XII                                              São João XXIII

O Concílio Vaticano II assumiu uma verdadeira mudança nos focos do Ano cristão/litúrgico, e seria mais correto dizer que o Concílio e toda a renovação litúrgica concretizaram tudo aquilo que havia iniciado no citado Movimento Litúrgico das décadas anteriores.

È importante o fato de que a primeira palavra oficial do CVII seja referente à liturgia e a sua necessária reforma: a constituição Sacrossanctum Concilium promulgada em 4 de Dezembro de 1963. Nela, a liturgia é apresentada ante um mundo como a expressão privilegiada de uma Igreja que busca " aumentar dia após dia a vida cristã dos fiéis, adaptar melhor as necessidades dos tempos atuais as instituições que estão sujeitas à mudanças, promover tudo aquilo que possa contribuir para a união entre Cristo e chamar todos os homens para o seio da Igreja. Por isso esse sacrossanto Concílio acredita que deve prover a reforma e à renovação da liturgia( SC n° 1).

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Para que a ação salvífica divina que acontece na liturgia possa ser experimentada verdadeiramente em toda a sua eficácia, é necessário que o fiel que participa da missa faça algo: " que os fiéis participem das celebrações com reta disposição de ânimo, ponham sua alma em consonância com sua voz e colaborem com a graça divina para não a receber em vão(...), os pastores de almas devem ter cuidado  para que na ação litúrgica não se observem apenas as leis relativas ás celebrações válidas e lícitas, mas também que os fiéis participem dela de modo ativo e consciente, ativa e frutuosamente. Ou seja, a ação divina deve ser acolhida por todos de forma consciente e ativa.

Em toda essa realidade de renovação, de restauração, de estudos... apareceram inúmeros estudiosos que são muito importantes para renovar a liturgia sem romper com a tradição MILENAR da Igreja, alguns destes possuem influência direta e determinante na gênesis litúrgica do Caminho Neocatecumenal e o desenvolvimento de uma nova arquitetura e estética nas paróquias para a vida das comunidades.

Continuação nas próximas postagens....