sábado, 22 de outubro de 2016

Uma Liturgia Viva parte II: A relação de Padre Farnés com a liturgia do Século XX e o início da renovação

Na postagem da última semana apresentamos informações importantes sobre o contexto da Renovação Litúrgica da Igreja que é necessária para entender a prática litúrgica no Caminho Neocatecumenal( para ler acesse o link: https://euamoneocatecumenato.blogspot.com.br/2016/10/uma-liturgia-viva-parte-1-renovacao.html)

Hoje vamos começar a conhecer alguns teólogos que foram importantes para a renovação da liturgia. Porém entre todos esses teólogos um em especial se destaca: o padre Farnés Scheres. Sobre ele, Kiko Arguello disse em uma conferência no ano de 2003: " Como o Deus utilizou do padre Farnés, com Carmen, comigo, com muitos dos irmãos das comunidades que se iniciaram em todo o mundo. O padre foi responsável pela gênese litúrgica do Caminho Neocatecumenal e o desenvolvimento de uma nova estética e arquitetura que favorecesse a vida cristã."

Mas quem é esse padre Farnés, que Kiko Arguello considera tão importante para o Neocatecumenato?

Padre Farnés Scherer nasceu na Espanha em 1925. Naquele ano, o país estava com uma série de problemas econômicos, sociais e religiosos que eram consequências da guerra civil Espanhola na qual houve uma grande perseguição religiosa em que inúmeros padres e bispos foram terrivelmente assassinados. 

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                                                 Imagem da Guerra Civil Espanhola
Em 1943 Farnés decidiu entrar no Seminário Conciliar de Barcelona para estudar filosofia e teologia e foi ordenado presbítero no dia 19 de Março de 1950( Solenidade de São José). Nos primeiros cinco anos de seu presbiterado, foi vigário de inúmeras paróquias de seu país e pároco de uma comunidade em Tarragona. Desde quando estava estudando no Seminário, Farnés tinha uma grande predileção e um amor grande pela liturgia. 

Um Movimento Litúrgico se iniciou em Catalunha e se espalhou por toda a Espanha. Em Montserrat aconteceu o primeiro período do movimento litúrgico espanhol, com a celebração de um congresso litúrgico em 1915. Através da restauração do canto gregoriano houve uma forte renovação da vida litúrgica. Por isso, podemos denominar o movimento litúrgico espanhol como uma renovação litúrgico musical. A restauração do canto gregoriano correspondia a um novo espírito litúrgico que foi se desenvolvendo na Europa nos primeiros anos do Século XX.

O  trabalho de difusão do novo espírito litúrgico influenciou principalmente a vida litúrgica das abadias. Através da liturgia vivida o espírito de renovação se espalhou por toda a Igreja. 

Em 1943 surge o centro de Pastoral Litúrgica de Paris que foi extremamente decisivo para promover o espírito litúrgico europeu.  Ao mesmo tempo, um laboratório de investigação de ciências religiosas e de buscas adequadas para o tempo da época  vivia um momento brilhante e influente. 

Em todo este contexto de renovação aparece uma das figuras mais importantes da renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II: Padre Bernard Botte, monge francês que foi o primeiro diretor do citado centro de Pastoral Litúrgica de Paris. Esse padre era um dos exegetas mais prestigiados no que se refere á história da liturgia e o padre que mais havia estudado o Traditio de São Hipólito, que descreve um dos métodos catecumenais das primeiras comunidades cristãs. Em seus escritos sobre o movimento litúrgico, ele apresenta uma descrição própria sobre a prática litúrgica no início do século XX e o que ocasionou a reforma conciliar:

" Para conhecer um movimento litúrgico é necessário entender qual é o seu ponto de partida. Como era a prática litúrgica no início do século XX? A Missa era celebrada por padres que tinham o costume de falar de modo bem baixo, apenas aqueles que estavam sentados na primeira conseguiam escutar o que o presidente da celebração falava. Na proclamação do Evangelho e o escutávamos com respeito, porém poucos eram os que entendiam a importância desse Evangelho proclamado. Não era possível compreender as solenidades e nem a utilização de determinadas cores nos paramentos e nas vestes litúrgicas, como a cor preta na missa de corpo presente. Os fieis pouco entendiam o mistério que estavam celebrando, pois o missal não estava disponível para todos. Começou-se a criar o hábito de rezar o rosário durante a celebração, pois da Missa em si não era possível compreender praticamente nada. A única oração que os fiéis faziam junto com o sacerdote eram realizadas após a Santa Missa, três ave marias, uma Salve Rainha e outras orações prescritas por Leão XIII. Nesse tempo não se comungava e não se via relação entre a comunhão e a missa. Podia se receber a comunhão antes da Missa, depois da Missa ou até mesmo no meio da celebração, mas nunca no momento previsto pela Liturgia.  Se aconselhava comungar antes da celebração e participar da Missa como uma forma de ação de graças. Isso pode até parecer estranho, porém é possível levar em consideração as ideias e normas referentes á celebração eucarística da época. A Missa já não era a oração da comunidade cristã, mas era praticamente destinada ao Clero. Os fiéis participavam apenas rezando suas devoções pessoais, e a eucaristia parecia ser uma simples devoção pessoal."

                                               
                                                            Padre Bernard  Botte
Na década de 50 houve uma série de iniciativas realizadas para provocar mudanças no cenário litúrgico da Igreja.  Justamente nesse período padre Farnés decide estudar liturgia em Paris no Instituto Superior de Liturgia, que naquele período era o mais importante de todos os demais institutos e seminários litúrgicos. Esse instituto tinha uma série de professores renomados:  o citado padre Botte, Pe Louis Bouyer, anielou, Martimort, Jounel, Chavasse, Vogel e todos esses foram os grandes mestres determinantes na orientação hodierna da liturgia, e foram importantes para o desenvolvimento do Concílio Vaticano II desempenhando um papel pre poderante na reforma conciliar.  O padre Farnés teve inúmeras aulas com Pe Bernard Botte, que foi essencial para a sua compreensão acerca da participação ativa na Missa e da necessidade de uma renovação.

                                           
                                               
                                                         Pe Farnés Scherer

Continua....

Traduzido e adaptado de: " Eucaristia en el Camino Neocatecumenal": http://eucaristiaenelcaminoneocatecumenal.blogspot.com.br/

                                                    




O Caminho Neocatecumenal continua evangelizando no Japão

Algumas pessoas pensam que o Caminho Neocatecumenal encerrou suas atividades no Japão. Isso é mentira. Mesmo com o desejo de interromper as atividades da realidade eclesial,  o itinerário de formação cristã é  cada vez mais ativo  no país. O Papa Bento XVI solicitou que o Neocatecumenato permanecesse no Japão sem nenhum tipo de interrupção, o Vigário de Cristo abençoou e sempre apoiou as iniciativas de evangelização das comunidades neocatecumenais. Essa é a verdade, e essa verdade elimina qualquer dúvida de que o Caminho esteja atendendo as solicitações da Igreja.

A família nesse vídeo( em inglês) foi envidada pelo papa Francisco como missionários para o Japão.