sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Incrível testemunho dos mártires do Caminho Neocatecumenal( da Igreja) em Ruanda



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Este ano de 2014 cumprem-se 20 anos de um dos acontecimentos mais horríveis da história recente. No Ruanda produzia-se um autêntico genocídio no qual cerca de um milhão de pessoas foram assassinadas brutalmente em apenas três meses no intento de extermínio dos tutsi por parte dos hutus. Crê-se que neste curto período de tempo conseguiram aniquilar 85% dos tutsis deste país.
 Este terrível acontecimento causou um sofrimento extra à Igreja Católica, pois o Ruanda era considerado um dos países mais cristãos de toda a África. O genocídio no qual participou uma parte da sociedade civil deixou em evidência os escassos cimentos da fé de um país no qual alguns sacerdotes e religiosas foram inclusive condenados por participar nos massacres. Mesmo João Paulo II reconhecia esta triste realidade em 1996 quando  dizia que “todos os membros da Igreja que pecaram durante o genocídio” tinham que “ter a valentia de aceitar as consequências dos atos que cometeram contra Deus e contra o seu próximo”.
O sangue dos mártires da Igreja
Sem dúvida, também houve um comportamento heroico da Igreja e agora Ruanda está banhado pelo sangre dos mártires. A sua fidelidade ao Evangelho fez que três bispos, uma centena de sacerdotes e até 117 religiosos e religiosas fossem assassinados.
Além disso, milhares de leigos foram assassinados das maneiras mais horríveis por serem cristãos e negarem-se a atuar contra a vontade de Deus. É o caso dos mártires do Caminho Neocatecumenal. Centenas de irmãos desta realidade eclesial foram assassinados por negar-se a matar outros, por protegerem tutsis e por formar parte de comunidades nas quais os tutsis, os hutus e os twa se amavam e conviviam.
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Um relato sobre as mortes dos irmãos
A revista Communio recolhia em 1995 o testemunho destes mártires. Enrico Zabeo, um sacerdote italiano responsável do Caminho Neocatecumenal no Ruanda, relatava numa carta enviada em 1994 à sua paróquia em Roma a sua ex- periência durante essas semanas e o firme testemunho de fé dos irmãos ruan- deses e como muito tinham morrido rezando pelos seus verdugos.
O padre Zabeo conseguiu escapar para as colinas junto com o espanhol Ignacio Moreno e a francesa Jeanne Watrelot, responsáveis desta realidade no Ruanda, e assim salvar a vida ainda que algum tempo despois voltassem às cidades para procurar os irmãos das comunidades e os sacerdotes.
Na carta enviada à sua paróquia de Roma dizia que os irmãos “tinham sido marcados pela presença do Senhor ao seu lado” e explicava que “nas comunidades neocatecumenais do sul há muitíssimos irmãos mortos; em Kigali as coisas tinham sido um pouco melhor”.
 “Morreu rezando pelos assassinos”
Mas apesar das enormes dificuldades e o medo os sobreviventes imediatamente se procuraram uns aos outros para reunir-se nas celebrações da Eucaristia e da Palavra. Contava este sacerdote “dizem ter experimentado a Ressurreição: ter passado de morte anunciada em morte anunciada, vendo como a Páscoa se fazia realidade, quer dizer, vendo a intervenção de Deus que os livrava da morte ali onde humanamente teriam que ter sido mortos”.
O padre Zabeo resumia na sua carta alguns dos testemunhos que ti- nham podido recolher depois de encontrar-se com os sobreviventes. “Duas raparigas, em situações diferentes, por duas vezes foram arrojadas ao buraco com outros cadáveres, cheiasde feridas e pancadas, e por duas vezes conseguiram sair dele encontrando a salvação. Outra rapariga (…) morreu rezando pelos assassinos que a fizeram em pedaços.(…) Em Butare soubemos de um rapaz do Caminho a quem assassinaram por não ter aceitado matar, de outro disposto a morrer por ter es- condido duas irmãs procuradas pelos assassinos”.
“Escutar os testemunhos dos irmãos foi para mim um grande consolo. Ver a ilu- minação de alguns irmãos e irmãs foi uma catequese inigualável: feita de acontecimentos de vida, não de palavras vazias”, dizia na sua carta o catequista itinerante do Ruanda.
Em Ruanda o Caminho Neocatecumenal estava presente desde 1989 e no mo- mento do genocídio havia um total de 19 comunidades, em 8 paróquias reparti- das por cinco dioceses.
 Rezando o Rosário durante o martírio
Uns destes mártires foram Jean Baptiste e Bernardette, casal responsável da primeira comunidade de Nyanza. Conta Enrico Zabeo na carta recolhida por Communio que “fizeram-nos sair de casa e os espancaram com paus. Enquanto os golpeavam Jean Baptiste gritava: ‘porque me fazeis isto? Que mal fiz?’. Re- corda a Paixão. Bernardette por outro lado calada e a cada golpe fazia correr uma conta do Rosário.” Levaram ambos ao matadouro e ali os mataram a ca- tanadas arrojando-os na fossa comum. “Faço notar (acrescentava) que ao mata- douro foram conduzidos também muitos outros irmãos de Nyanza”. Além disso, ressaltava “a crueldade contra os irmãos das comunidades acusados de reunir-se de noite (as celebrações!) para tramar contra o regime”, utilizando isto como pretexto.
“Um jovem irmão, Innocent Habyarimana, sobrevivente dos massacres junto à sua mulher Eugénie e à sua menina, contava-nos que durante a sua fuga tinha ouvido os milicianos, também eles fugitivos de Nyanza, contar admirados o modo como os irmãos das comunidades tinham morrido. Aos milicianos tinha-os chocado a dignidade e serenidade com que os irmãos afrontavam a mor- te: de maneira totalmente diferente dos demais. Os irmãos, de facto, entrega- vam-se sem resistência, sem desesperar-se, sem insultar e sem odiar”, recordava.
 Também as crianças respondiam com heroicidade
Na sua carta, afirmava que esta atitude, “que certamente não significava a ausência de medo, era própria também dos filhos pequenos dos irmãos”. A estas crianças, os milicianos gritavam troçando deles: “ensinaram-vos bem nas vossas reuniões nocturnas a disciplina para enfrentar a morte”.
Uma morte brutal teve também a irmã Françoise, religiosa e catequista do Caminho Neocatecumenal. Foi vítima de múltiplas catanadas e dada por morta pelo que foi arrojada num profundo buraco junto com outra irmã. “Durante três dias ouviram-se os seus lamentos e em vão as monjas sobreviventes, anciãs e me- drosas, tentaram tirá-la para fora lançando-lhe uma corda, também por culpa das fracturas e feridas dos braços. As irmãs recorreram então à polícia que, em vez de enviar os socorristas, enviou os milicianos, aqueles lançaram pedras no buraco,acabando com a irmã Françoise e fechando o buraco com terra”.
Também a jovem Grace Uwera,   de   somente   25 anos, teve uma morte ad- mirável. “O relato tão simples e bonito, é digno dos mártires da primitiva Igreja, aos quais não tem nada que envejar, e convergem (segundo conta o padre Zabeo) num ponto: Grace morreu pedindo a Deus pelos seus assassi- nos”.
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“Contou-nos que os milicianos foram busca-lo para obriga-lo a unir-se às milícias nos massacres. Faustin, chamando a mulher e os filhos, fez pública profissão de fé dizendo: ‘desejamos ser cristãos e não queremos fazer nada contra a lei de Deus; não queremos fazer dano a ninguém, nem eu, nem a minha mulher, nem os meus filhos. Aqui estamos todos. Fazei de nós o que quereis, mas ne- nhum da nossa família fará algo que esteja mal”. O soldado marcou-lhe a cara com uma baioneta e golpeou-o mas não os matou. O que fez foi abrir uma enorme vala comum debaixo da sua casa para que visse todas as execuções.
“Temos em essência um batalhão inumerável de irmãos que rezam por nós. TE MARTYRUM CANDIDATUS LAUDAT EXERCITUS” (o branco exército dos mártires), concluía Enrico Zabeo.
Texto retirado de informações presentes aqui.