terça-feira, 20 de setembro de 2016

Carta de um padre em missão na Àfrica

" Começo me apresentando: Me chamo Manolo Servían, missionário da Igreja através do Neocatecumenato. Faz dez anos que eu estou em Kitwe, cidade de um milhão de habitantes. Antes eu estava no Líbano.

Tem pouco tempo que descobri que o nosso conceito sobre a Àfrica é muito pequeno, ela é muito mais do que aquilo que se pode imaginar. Primeiro, não se trata de uma região inóspita como se pode pensar, mas é verdade que existem muitos sofrimentos e tribulações. Se fala muito dos problemas que se fazem presente nesse continente e que são de fato reais, porém eles são apenas parte de uma realidade muito maior. Me assustei ao ficar sabendo do enorme índice de alcoolismo tanto em homens quanto em mulheres, eles bebem para se refugiarem  diante das dificuldades vividas dia após dia e para esquecerem os conflitos familiares e sociais. As superstições e a bruxaria possuem uma influência muito grande aqui, além de existir uma grande ausência da figura paterna pois são as mães na grande maioria das vezes que sustenta toda a família.

A corrupção se faz presente em todos os níveis sociais. Mas no fim das contas, o verdadeiro problema está na dureza do coração dos homens, essa é a grande enfermidade, o grande problema que precisa ser curado na Àfrica.

O ateísmo é completamente inexistente em Zambia, não há uma pessoa sequer que duvide da existência de Deus, e isso ajuda no anúncio do Evangelho. O grande povo daqui escuta o Evangelho com verdadeira alegria e esperança. Possuem um grande desejo de serem amados, quando descobrem justamente que o Senhor os ama como eles são, ficam com o coração cheio de Esperança. Por isso é sempre urgente e necessário que se faça presente a família cristã, uma comunidade de irmãos  que se amam muito, e a unidade também é importante para que o homem creia que Deus o enviou.

Essa missão que realizo em Zambia  com uma equipe: uma missionária leiga vinda da Àustria, que é casada há 28 anos e tem dois filhos, dezesseis netos e um bisneto, ela renunciou tudo por amor  ao povo daqui, um jovem italiano leigo também está fazendo uma experiência na equipe de missionários. Juntos trabalhamos em muitas paróquias de toda a diocese através do Caminho Neocatecumenal, um caminho de esperança e salvação através do qual nascem homens e mulheres novos renascidos  da água e do Espírito. Vivemos a fé  em pequenas comunidades que se reúnem para juntos celebrarem a eucaristia e escutar a palavra de Deus, e eu posso ver que através da ação missionária da Igreja muitos tem se libertado da bruxaria, e passam do medo de Deus ao amor filial que vem do Senhor.

Se faz presente a família cristã, que é o centro de nossa missão.  Temos recuperado a vida de todas as famílias de um modo prático:  Com exceção do dia do Natal, nenhuma família tem o costume de sentar á mesa para comerem juntos. O pai come fora com seus amigos, as mulheres na cozinha e os meninos onde quiserem. Nós os ajudamos a voltarem a comer juntos na mesa, onde o amor de Deus Trino se faz presente. Com um grande ânimo continuamos nessa missão, para que se apareça a beleza da família cristã.

Na Àfrica existe pobreza- é verdade- e também tem egoísmo, e todas as misérias humanas e por isso é importante que possam viver a fé em comunidade, de modo que quando um irmão estiver passando por grandes problemas como a falta de trabalho ou uma doença, os irmãos de comunidade possam ajudá-lo e dessa forma aparece o milagre que todos nós precisamos contemplar: o amor e a unidade. Aqui temos muitos problemas, porém temos também a esperança que vem do Senhor. Rezem por nós

Imagem: Kitwe, Africa

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